Há muitos especialistas que tentam cravar as tendências em casamentos, porém esse é um conceito que não me agrada tanto. Entendo que a tendência tem que ser o que cai bem aos gostos, bolsos e crenças de cada casal. Contudo, se eu tivesse que escolher uma forte “tendência” dos últimos cinco anos certamente apontaria: casamentos ao ar livre.
Trago esse assunto para comentar algo que, muitas vezes, não faz parte da preparação dos casais, a possibilidade de chuva. Aqui não vou tratar da necessidade de um plano B, como áreas cobertas para receber a cerimônia ou tendas. Isso é básico. Quero trazer um tema mais profundo, a preparação emocional caso o tempo feche e venha chuva.
Já vivi essa situação várias vezes. Recentemente, inclusive, tive uma cerimônia interrompida assim que o noivo entrou. A possibilidade de chuva era mínima, a opção foi por tentar realizar a cerimônia ao ar livre, mas o tempo virou muito rápido. Um plano B foi acionado de imediato, porém o espaço coberto era insuficiente. Foi bem triste!
Sempre que a chuva vem, os noivos ficam claramente abalados. O sonho não era esse! Por meses e meses, eles se imaginariam ao ar livre e sorridentes em um dia ensolarado. A frustração é imediata. O que mais se houve nessas horas entre os familiares e convidados é famosa máxima: “é chuva de bênçãos!”. Mas não há o que mude a energia do casal em tão pouco tempo. A vibração cai, logicamente.
Enquanto celebrante, faço o que posso. Busco manter o sorriso no rosto e colocar otimismo, alegria e entusiasmo na minha narração, em meus olhares e na postura corporal. É uma luta porque essa atitude positiva nem sempre tem ecos no casal. Olho e vejo duas pessoas profundamente abaladas pelo sonho comprometido.
Por isso, deixo uma dica: é preciso se preparar emocionalmente. Quem opta pela realização da cerimônia ao ar livre assume riscos. Há que diga “nem pense na possibilidade de chover, evite esse tipo de pensamento”. Mas eu faço contraponto. Não apenas pense, mas trabalhe isso internamente. Aliás, pode chover, ventar, pode ter uma festa regada a funk pesadão no vizinho, invasão de mosquitos, carreata política nas proximidades e até sobrevoo de ultraleves. Já passei por tudo isso! Estamos ali expostos. Tudo pode acontecer.
Se você é uma noiva ou um noivo que enfrenta dificuldades em lidar com frustrações no dia a dia, provavelmente não está apto para escolher uma cerimônia de casamento ao ar livre. Se superação não faz parte das suas características de personalidade, piorou.
Tenha uma conversa sincera consigo. Busque entender como irá se sentir caso algo fuja do planejado. Imagine-se vivendo aquela situação inesperada. Tente projetar suas reações e sentimentos. Depois, estabeleça essa conversa com seu parceiro ou parceira. É preciso ser sincero e o mais fiel possível às percepções de cada um. Caso o balanço disso tudo não seja positivo, busque um espaço fechado ou semiaberto. Há tantas opções lindas! Não se submeta ao sofrimento, afinal, como diz uma outra máxima que eu nem sempre concordo, é o “dia mais importante da sua vida”.
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos