Certa vez recebi um pedido de orçamento de um casal que atua em eventos no ramo da fotografia. Fiquei surpreso porque os conhecia há muito tempo e sempre achei que fossem casados! Eles me contam então que depois de anos juntos, decidiram oficializar a união. Eis que então passaram para o outro lado do balcão. Sentiram na pele os desafios de noivos que recolhem orçamentos em busca dos fornecedores para o dia do casamento. Uma fala da noiva me chamou a atenção. Ela agradeceu o atendimento rápido, objetivo e com respostas completas, pois estava assustada com a morosidade e informações insuficientes de alguns fornecedores. Fiz coro com ela. Lamentei atendimentos feitos com essa displicência.
Tempos depois, fui até São Paulo para celebrar um casamento e tive a alegria de reencontrar dentro os convidados um casal cuja a união havia celebrado há mais de um ano. Eles estavam muito felizes na vida a dois, porém relataram que havia uma frustração: não tinham recebido as fotos do casamento. Tentei segurar o espanto por conhecer e admirar o fornecedor, porém não sabia desse tipo de tratamento dispensado aos clientes. Quando perguntei se questionaram a equipe responsável pela captação das imagens sobre o andamento e o prazo fiquei ainda mais perplexo. A resposta foi: “Na maior parte das vezes que chamamos não temos sequer respostas. Somos ignorados!”. De volta a Limeira contei do meu constrangimento a uma colega cerimonialista, que me revelou que são muitos casais descontentes com esse mesmo fornecedor.
E não acaba por aí. No mês passado um casal me encaminhou o filme do casamento deles e postei. Na legenda, eu dizia o quanto estava emocionado em rever aquele dia tão especial vivido há seis meses. Havia uma música tocante ao fundo, lindas imagens e minha voz em alguns momentos. Fiquei, de fato, tocado e elogiei o fornecedor no meu texto. Eis que recebo uma mensagem de outra noiva dizendo: “Cuidado, João! Sua recomendação pode influenciar outros casais e o trabalho deles não é tão incrível assim, não”. Continuei a conversa para tentar entender e, mais uma vez, era um casal de 2023 ainda sem o vídeo do casamento. Fiquei me perguntando o que teria acontecido para que um casamento realizado há menos tempo passasse na frente da entrega deles!
Mas talvez a pior das histórias seja a que contarei agora. No meu Instragram posto os podcasts que gravo com fornecedores do ramo de eventos. Certo dia, começo a receber comentários em um dos programas mais antigos. Estranhei aquele movimento e entrei na postagem. Era um programa no qual eu entrevistava uma cantora. Nos comentários, uma moça relatava que tal profissional simplesmente não apareceu para cantar no casamento dela. Um DJ teve que “quebrar o galho” às pressas depois de muito nervosismo dela, do noivo e da equipe de cerimonial. Na sequência, várias amigas dessa noiva teciam terríveis comentários sobre a profissional. Tive que ocultar as interações na postagem para que futuramente eu não tivesse que responder juridicamente por manter ofensas a alguém na minha rede.
É muito triste trazer tudo isso, mas o fato é que precisamos falar sobre as nossas entregas. Será que não estamos focando demais em converter e fidelizar leads ao invés de garantir o nosso melhor para os que já confiaram no nosso trabalho? Um casamento não termina ao final da festa. O sonho continua! Os noivos não são meros clientes que foram comprar um produto de rotina no supermercado. Até em uma situação tão recorrente como essa esperamos excelência no atendimento.
Por também possuir uma agência de comunicação, sempre que posso, digo aos meus seguidores: cuidado com o que você vê nas redes sociais. Há muita fantasia e vaidade na hora de vende um serviço. Vai ser casar? É indispensável conversar com pelo menos dois casais que foram atendidos por aquele profissional. Faça buscas em pendências jurídicas e ouça sua assessoria.
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos