Em reunião com um casal há duas semanas, a noiva perguntou o meu signo. Era o nosso primeiro contato e os noivos queriam me conhecer para avaliar a possível contratação dos meus serviços. Disse que sou canceriano e ela adorou. Percebendo a empolgação, resolvi contar que meu ascendente também é em câncer. Ela achou muito curioso e quis saber em qual casa estava minha lua. Era muita informação para mim. Contudo, jornalista curioso que sou, há alguns anos fiz o mapa astral e guardei. Percebendo que era uma informação relevante para ela, consultei de imediato. Descobri que minha lua está em escorpião. Ao contar a ela me antecipei dizendo que talvez não fosse um bom sinal, já que dizem que escorpião é um signo “complicado”. Rapidamente ela me explicou que não e me revelou que a lua dela está na nessa casa. A sintonia foi imediata e o casal fechou contrato comigo.
Conto para você essa conversa para ilustrar o título dessa coluna. É cada vez mais comum os casais buscarem sintonias com o que acreditam nos profissionais que atuarão em seus casamentos. E aqui valem signos, cores, orações e até elementos da natureza.
E isso já aconteceu comigo logo de cara, no primeiro casamento que celebrei. Era 2015, em um casamento realizado em Americana, quando um casal revelou que gostaria que durante a cerimônia entrassem os cinco elementos. E assim foi. Em determinado momento, anunciei a entrada da vela, representando o fogo, do incenso, referente ao ar, um vaso com terra, uma jarra com água e uma Bíblia, simbolizando o sagrado. Não fiz nada com esses itens. Eles apenas permaneceram no aparador da cerimônia porque o casal acreditava que emanavam as melhores energias para a “nova” vida que iniciavam naquele momento.
Alguns anos depois, em Limeira, uma noiva me relatou que era praticante do reiki e que quando convidou madrinhas e padrinhos entregou a cada casal uma pedra relativa aos chacras do corpo. A missão das madrinhas foi usar essa pedra durante a cerimônia, fosse como pingente, brinco ou até parte dos vestidos. Aliás, os vestidos das madrinhas e as gravatas dos noivos também eram das cores referentes aos chacras. Ela me pediu para explicar isso tudo aos convidados durante o casamento.
Outro fato que já me ocorreu duas vezes foi a troca de posições do casal durante a cerimônia. O protocolo determina que os noivos fiquem à direita e as noivas à esquerda durante o casamento. Por questões pessoais, esses dois casais inverteram a posição. Até hoje não sei o motivo.
Você pode ler tudo isso e achar uma bobagem. Contudo, enquanto celebrante, dou um valor imenso ao que o casal acredita. Repito sempre uma máxima: “Cada um empoderada aquilo que acredita”. Se é algo tão importante para eles, eu sigo rigorosamente. Dou o mesmo valor de quando um casal me pede uma leitura bíblica, uma oração ou uma entrada de alguma imagem de santo. Fé e crenças não se discutem. Aliás, essa possibilidade de personalização da cerimônia é um dos fatores que impulsionou a chegada dos celebrantes ao mercado. É uma fuga da imposição de regras e protocolos que por tanto tempo deixaram as cerimônias de casamento todas iguais, ou seja, previsíveis e sem emoção. E você? Acredita no que?
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos