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Casamentos sem regras ou protocolos pré-definidos

Faz parte da minha rotina enquanto celebrante receber casais com muitas dúvidas sobre as etapas que podem vivenciar durante suas cerimônias de casamento. Por vezes, percebo até um constrangimento em me perguntar algo e vou logo avisando: vocês definem, eu obedeço.

A lógica de uma cerimônia de casamento realizada por celebrante é não ter regras definidas ou determinação de protocolos a serem repetidos. A invisibilidade do casal não tem vez. Os sonhos e as vontades dos noivos falam mais alto sempre. Não cabe ao celebrante impor o cumprimento de etapas que não fazem sentido para aquele casal ou direcionar com base em suas crenças pessoais.

Entendo o receio inicial. Ele é fruto de tradições e protocolos que são repetidos há décadas (ou até séculos) dentro de igrejas ou cartórios e que, enfatizo, devem ser respeitados. Essas regras fazem sentido dentro do protocolo de cada religião ou, no caso dos cartórios, com base no que exige a lei. Há casais que fazem questão, pois faz sentido para eles. Contudo, com os celebrantes não há essa rigidez.

Isso não quer dizer que as etapas mais clássicas fiquem de fora. Pelo contrário! Os momentos solenes das minhas cerimônias envolvem a entrada e a troca das alianças, os votos e o beijo. A tradição também se faz presente. Caso os noivos sejam religiosos, também há espaço para o momento de fé com leitura bíblica, oração e reflexão. Há, inclusive, a possibilidade da participação de algum líder religioso em minhas cerimônias e eu adoro. Enrique demais!

Contudo, isso é feito de maneira mais leve. Sem aquele clima de repetição ou a falta de empolgação que geralmente frustram os noivos. Há um casal ali vivenciando um dos dias memoráveis de suas vidas, ou seja, não dá para tratar esse momento apenas como mais um e deixar de ouvir quais sonhos querem realizar neste momento.

Com isso, a minha resposta é “sim” para quase todas a perguntas. Meu cachorro pode entrar com as alianças? Claro! O pastor da minha igreja pode fazer uma leitura bíblica? Com certeza! Posso cantar para a minha noiva? Acho maravilhoso! Posso me casar em um balão? Conte comigo!

Ana Laura e Wallace, que você vê na foto que ilustra a coluna de hoje, queriam homenagear os pais, que eu contasse uma lindíssima história sobre as alianças que eram dos avós dela, que eu brincasse com o “amigo cupido” e usar um balão de gás hélio para homenagear um avó falecido. Fizemos tudo isso! E foi marcante! Do jeito deles, como sonharam, eu simplesmente realizei.

Os mais conservadores podem achar que uma cerimônia nessas circunstâncias perde em seriedade. Afirmo o contrário. Os momentos solenes e que se referem ao real significado da cerimônia estão presentes, aliás, o tempo todo. O diferencial é que você não chega em uma cerimônia como essa sabendo o que vai acontecer. A previsibilidade não tem vez quando se trata de um celebrante na condução. Olhar para o casal e entende-lo é a primeira regra.

João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos

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