Adoro a foto que ilustra a coluna de hoje! Nela, Livia e Tiago rezam o Pai Nosso na Língua Brasileira de Sinais, mais conhecida como Libras, uma combinação de sinais e expressões faciais utilizados por deficientes auditivos na comunicação. Escolhi essa foto porque é um dos exemplos da acessibilidade que, cada vez mais, vemos como prioridade em cerimônias de casamento.
Quando se fala em acessibilidade, o primeiro raciocínio é o atendimento de requisitos que facilitem a locomoção como rampas, elevadores ou outros pressupostos que permitam o deslocamento de pessoas com deficiência física ou restrições motoras. O termo, de fato, ganhou maior projeção graças às reivindicações daqueles que enfrentam barreiras no direito e ir e vir. Essa abordagem sobre acessibilidade sempre foi a que teve maior projeção em veículos de comunicação, mas o assunto é muito mais amplo.
Livia e Tiago, por exemplo, por se comunicarem em Libras e terem muitos convidados que também se utilizam desta linguagem brasileira, optaram por dois intérpretes durante a cerimônia. Um deles ficou ao meu lado, o tempo todo, com a função de interpretar o que eu dizia para os noivos e também de verbalizar todas as participações do casal. Havia um outro intérprete junto aos convidados com a mesma missão. Foi lindo e completo. Todos foram contemplados. Uma cerimônia acessível para o casal, para os convidados e para mim. Os intérpretes, inclusive, estiveram presentes desde antes da cerimônia para auxiliar no contato entre o casal e os demais fornecedores.
Outra vertente de acessibilidade está na condução das cerimônias. Neste ponto, refiro-me à oferta de acessibilidade de entendimento, ponto que também deve ser uma preocupação de quem celebra. Tudo o que for dito por padres, pastores, juízes de paz e celebrantes precisa ser compreendido por noivos e convidados. Por vezes, a linguagem rebuscada para demonstrar conhecimento, uso de termos de difícil compreensão e até em outras línguas prejudica o entendimento da cerimônia deixando os convidados às margens de tudo o que ocorre ali. Acessibilidade também é promover a garantia a compreensão das pessoas que prestigiam o casal. Aqui, vale destacar a importância de uma linguagem simples, da contextualização de assuntos e de, principalmente, nunca partir do pressuposto de que todos os convidados do casal possuem a mesma compreensão. Afinal, temos ali pessoas de diferentes idades, culturas e fés.
Obviamente que a pretensão aqui não é estabelecer prioridades dentre tantas necessidades de acessibilidade. Todas merecem luz. Minha frustração é a mesma ao ver cadeirantes com dificuldades nos gramados irregulares em lugares em que já celebrei, dos idosos tentando se equilibrar em tapetes soltos dispostos sem a devida atenção no corredor central das cerimônias e também com a possibilidade de alguém não entender o que eu digo. Todas essas são dores que merecem nossa atenção. A defesa que faço é para que a acessibilidade passe a fazer parte do check list de fornecedores a cada evento realizado e com a devida atenção que o assunto merece.
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos