Todo celebrante é um observador por natureza. Algo que me chama muita atenção é a ocasião que leva um casal a se conhecer. Adoro as histórias dos primeiros encontros! Acho mágico como tudo transcorre de forma surpreendente a partir daquele momento determinante culminando nas minhas mãos para celebrar o início oficial de uma nova família.
É curioso observar como o amor se estabelece de maneira, por vezes, tão despretensiosa. Muitas são as histórias de pessoas que descobrem a cara metade em uma sala de aula na infância, mas fico muito tocado quando recebo noivos de nacionalidades diferentes. Que mistério fantástico é esse do universo que reserva a alguém uma alma gêmea de outro país? Podemos chamar de Deus? Ou de destino? Chame do que quiser, mas celebre comigo.
Meus primeiros noivos de nacionalidades diferentes foram o brasileiro Daniel e a argentina Laura em 2019. Eles se conheceram em 2016 quando o Daniel foi designado como instrutor de voo em um intercâmbio de instrutores entre a Força Aérea Brasileira e a Força Aérea Argentina. Lá, ele tinha que dar instruções de voo em espanhol e precisou fazer um curso intensivo da língua local. Adivinhe quem era a instrutora? Laura, a noiva.
Depois deles, vários outros casais surgiram com histórias tão surpreendentes quanto. São relatos que nos provam que os encontros acontecem independentemente de fronteiras. Não há distância que impeça que as conexões se estabeleçam e de forma tão potente que caminhem em direção ao altar. Quando os noivos chegam na minha frente, fico honrado em saber dos caminhos, nem sempre tão fáceis, que foram percorridos até esse dia tão aguardado e sinto-me extremamente lisonjeado por ser o escolhido para ser o anunciante da boa nova da união.
Uma nova história como essa vem por aí. Terei a alegria de celebrar a união de Letícia e Felipe no final de junho em Limeira. Eles vivem no Uruguai. E não paro neles. Em outubro, em Americana, celebrarei o casamento da brasileira Priscila e do argentino Juan. Também me alegro em saber do amor que começou aqui e que exportamos. E 2020, em Limeira, casei Priscila e Leonardo que hoje vivem na Irlanda. E neste ano, em Campinas, no mês de maio, celebrei o casamento de João Paulo e Naya que, em breve, também se mudarão para a Europa.
Os que já tiveram seu grande dia, mesmo tão longe fisicamente, consigo ver perfeitamente se eu fechar os olhos. Lembro das feições, do ambiente e até da temperatura do dia em que testemunhei o “sim” mais importante das vidas deles. Gosto de saber que mesmo em países tão diferentes carregam um pouco da minha contribuição e esse artigo é para deixar registrada a minha gratidão por termos os caminhos cruzados.
E para você? O amor tem fronteiras?
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos