Com uma média de 65 casamentos celebrados ao ano, cada vez mais, sinto que em algum momento alguém terá que redigir um manual para padrinhos e convidados sobre como não desrespeitar os noivos. Parece bizarro, não é mesmo? Mas é cada cena que vejo… Vamos a algumas.
A mais recente foi em um casamento que terminou com os primeiros sinais de chuva. Era uma cerimônia campal, na área rural. Assim que deixei a área coberta do altar, percebi que logo a chuva viria. Naquele momento, sequer chuviscava. O que sentíamos era como se fosse um leve “spray” no rosto. As primeiras gotículas foram suficientes para que metade dos convidados deixasse a área da cerimônia e se abrigasse em um rancho ainda durante os cumprimentos dos padrinhos aos noivos. Enquanto eu assistia a cena, indignado, alguns já acendiam seus cigarros e os demais batiam papo de costas para a cerimônia.
Aquela situação fez com que eu trocasse o sentimento de paz, que as cerimônias me deixam como legado, por uma quase ira. Num primeiro momento, resolvi encarar aquelas pessoas com um olhar de reprovação. Não resolveu. Descontei meu mau humor em dois fornecedores da área de foto e vídeo que assistiam a um vídeo no celular em som altíssimo ao meu lado. “Vocês não acham que estão ouvindo isso alto demais e na hora errada?”, eu disse enquanto um deles tratava de baixar o volume completamente constrangido.
Eis que os noivos terminam os cumprimentos e se preparam para sair. Olho a área da cerimônia, semivazia, e resolvo tomar uma atitude. Porém, antes, comunico a pessoa responsável pela assessoria do casamento, para não interferir na autoridade dela. Vou até o rancho, faço força para não ser antipático e digo: “Posso pedir uma gentileza? Vocês poderiam retornar ao local da cerimônia pelo menos para aplaudir o casal durante a saída?”. Todos topam e a saída dos noivos acontece lindamente. E pasmem: ninguém ficou ensopado. Afinal, permanecia só um spray.
A cena acima se repete em dias de sol. Sim, eu também acho que os noivos devem pensar nos convidados no momento de escolher o local e o horário da cerimônia. Contudo, quando isso não acontece, aos convidados cabe paciência pelos próximos 40 minutos. Canso de ver convidados abandonando seus lugares enquanto celebro.
O que todos devemos saber é que uma cerimônia de casamento possui uma precedência que prevê que os noivos são as pessoas mais importantes. Se você foi convidado para esse dia tão incrível, há de se seguir as regras e circunstâncias escolhidas pelo casal. Eles mandam, você obedece.
Vamos falar de padrinhos? Primeiro, nunca se convide para essa posição, afinal, você pode não estar nos planos do casal. Ou seja, não se dê tanta importância! Segundo, se você está em namoro recente, diga aos noivos que não faz questão de que seu namorado(a) faça parte do seleto grupo de padrinhos. Não deixe os noivos na situação constrangedora de convidar um estranho por sua causa! Terceiro, quando chegar o dia, cumpra todos os protocolos exigidos pelo casal. Você não é protagonista naquele evento!
Jamais desobedeça a cor de roupa escolhida, não faça exigências e nunca chegue atrasado. Os padrinhos devem estar no local da cerimônia com muita antecedência. Cansei de celebrar casamentos que atrasam porque a madrinha ficou “presa” no salão de beleza. Os cerimonialistas mais profissionais começam as cerimônias sem elas. Quando os atrasados chegam são discretamente levados ao seu local com a cerimônia em andamento.
Por último, demonstre entusiasmo. Evite ser uma pessoa apática no grande dia de duas pessoas que fizeram questão de te convidar. Seja quem puxa aplausos, mantenha uma feição agradável e interessada. Pessoas alegres são contagiantes, porém as rabugentas também. Veja o que acontece comigo? Essas situações resultaram em um artigo de um celebrante rabugento.
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos