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Religiosidade nas cerimônias de casamento

Temos a dádiva de morar em um país com grande variedade de crenças e fés. Por isso, cada vez mais, pessoas com diferentes religiões se encontram, apaixonam-se e resolvem se casar. Chega então o momento da decisão. E agora? Como será a cerimônia?

Até há muito pouco tempo era preciso escolher entre a igreja de um ou a igreja do outro. Um dos dois tinha que ceder e, certamente, uma das famílias ficaria um pouco mais desconfortável no templo ou com o ritual seguido pela igreja do outro. Se não fosse assim, a única outra alternativa era se casar no cartório sem o simbolismo ou a pompa que a igreja oferece.

Com o advento dos celebrantes, tudo mudou. Hoje, os casais se casam em fazendas, chácaras, praias, buffets, restaurantes e até na própria casa em cerimônias personalizadas. Todos são incluídos e não há desconforto por não ser um ambiente religioso.

Mas e a religiosidade? É possível incluir um momento de fé na cerimônia feita por um celebrante? Depende da vontade do casal. Aos que sentem essa necessidade, cabe o celebrante entender as diferentes crenças e elaborar uma cerimônia que inclua ambos.

Há casais que fazem questão de uma leitura bíblica e de orações, por exemplo. O celebrante apresenta as possibilidades e executa as escolhas dos noivos. Porém, há outros que querem apenas um momento de fé no qual o celebrante chame a atenção dos convidados para que, independentemente das religiões, façam uma prece silenciosa para o casal. Sem puxar para um lado ou para o outro.

Mais uma possibilidade interessante de cerimônias feitas por celebrantes é incluir uma pessoa convidada para essa parte religiosa. Por vezes, pode ser uma tia que é ministra da igreja católica, o primo que é pastor na igreja evangélica, o cunhado que é pai de santo ou simplesmente aquele amigo que tem sempre algo de bonito e positivo a dizer. Particularmente, eu adoro quando o casal convida alguém. Torna esse momento da cerimônia ainda mais potente. Nádia e Wellington que você vê na foto que ilustra essa coluna optaram por incluir o amigo de mais de 20 anos para esse momento de fé. Eu me afastei, ele fez lindamente essa etapa e me devolveu a condução da cerimônia.

Por outro lado, há também os que têm uma visão mais rigorosa sobre essas possibilidades e que não consideram que um momento de fé deva ser feito fora de uma igreja. Certa vez, em Rio Claro, a mãe da noiva interferiu no sonho da filha de termos a entrada da imagem de Nossa Senhora Aparecida pois a cerimônia seria realizada em um buffet. Para a mãe, tal ato não seria um momento de exaltação de fé, mas sim uma heresia.

Independentemente das escolhas do casal, cabe ao celebrante não interferir com base em suas próprias crenças. Mais uma vez: o celebrante apenas executa. Essa é uma das questões que considero terem me tornado uma pessoa melhor, mais plural. A cada casamento aprendo com as crenças do casal. É uma dádiva observar o quanto as pessoas são diferentes ao nosso redor e aceitar que elas estão o tempo todo colaborando para o nosso crescimento.

João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos

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