Que tal deixar a sua cerimônia de casamento ainda mais marcante? Há muitos casais em busca de tornar o grande dia menos protocolar e mais afetivo. Dentre as possibilidades cada vez mais adotadas por esses casais que querem casamentos que fujam do tradicional estão as cerimônias temáticas.
Segundo o rioclarense João Paulo Baxega, que viaja o estado de São Paulo como celebrante de casamentos, houve aumento da procura por esse tipo de cerimônia neste ano. “Após a liberação da realização de eventos nesta fase mais branda da pandemia, percebi um comportamento diferente dos casais. Muitos buscam informações sobre rituais. É como se houvesse uma vontade de viver tudo que se tem direito depois das experiências terríveis que a pandemia nos impôs”, relata.
O celebrante destaca que os rituais são apenas uma das etapas das cerimônias. Eles são incorporados à sequência que envolve as entradas do casal e dos padrinhos, troca de alianças, beijo e o que mais o casal quiser viver.
Baxega explica que a realização de um ritual precisa ser um pedido do casal e não uma imposição do celebrante. “O profissional personaliza a cerimônia com base nos pedidos e nas vontades que os noivos apresentam. Há casais mais clássicos que apenas se encaixam em cerimônias mais tradicionais, ou seja, sem rituais. É preciso entender o perfil e o sonho de quem se casa”, explica.
Outro ponto determinante que o celebrante enfatiza é o fato de as cerimônias temáticas serem meramente simbólicas. “Os rituais não criam nada de novo, não se trata de magia. Já tive casais que se assustaram com a terminologia porque na nossa cultura a palavra ritual, às vezes, é interpretada como algo místico. Não tem nada disso!”, diverte-se.
Em entrevista ao Jornal Cidade, o celebrante elencou as cerimônias temáticas mais procuradas pelos casais. Confira!
Cerimônia das Areias
O ritual mais desejado pelos casais é o das areias coloridas. Nesta cerimônia, há diversos recipientes com areias de diversas cores, cada uma com um significado diferente. “É um ritual muito completo porque os padrinhos deixam de ser apenas espectadores da cerimônia e são convidados a participar. Essa inclusão torna a narrativa do casamento muito mais afetiva. Até os pais do casal podem participar”, destaca Baxega.
Na dinâmica da cerimônia, os casais de padrinhos são chamados para depositarem uma cor por vez em um vidro maior. Na simbologia, cada grão de areia representa as experiências individuais vividas pelo casal até aquele momento. As vivências são reconhecidas como importantes na formação das personalidades de cada um.
Para a definição das cores para cada casal de padrinhos, os noivos avaliam as características pessoais que se relacionam com a simbologia das cores. O vermelho, por exemplo, remete ao amor e à paixão. O amarelo representa os votos de prosperidade e de fartura para o casal. Conforme os padrinhos despejam as cores no vidro maior, o celebrante relata a simbologia de cada uma para que os demais convidados possam acompanhar. As camadas de cores vão se sobrepondo e, ao final, a beleza do resultado costuma tirar suspiros e aplausos dos convidados.
O celebrante então continua a descrever a simbologia do ato. “É momento de lembrar a todos que uma vez que as cores são unidas no recipiente maior, ninguém é capaz de separa-las e de destacar que assim também será com as vidas dos noivos”, conta o celebrante.
Ao final da cerimônia, o recipiente maior e multicolorido é levado pelos noivos e se torna um item de decoração para a casa. No dia a dia, ao olhar para ele, o casal se lembrará de todos os votos positivos que lhes foram direcionados em uma data tão especial.
Cerimônia dos Temperos
Saem as areias coloridas e entram ervas e condimentos. Assim como no ritual anterior, madrinhas e padrinhos também participam. Todos são chamados pelo celebrante para colocarem os temperos em um vidro hermético vazio.
Louro, tomilho, pimenta dedo de moça e muitos outros temperos ganham significados como tolerância, poder para realização de sonhos, paixão e diversão. Quando todos os temperos já estiverem no vidro, os noivos despejam azeite de oliva para envolver cada um deles e unir todos os desejos positivos que ali foram depositados pelos padrinhos.
Após o casamento, o vidro hermético é deixado fechado por algumas semanas para que a mistura possa curtir. “Na simbologia deste ritual, o azeite irá conservar as ervas e retirar delas somente o que têm de melhor. Assim também deve ser com o dia a dia do casal, deve prevalecer apenas o que é positivo”, explica Baxega.
Com o tempo, a família poderá utilizar o delicioso azeite no preparo de refeições e sempre irá acessar excelentes recordações do dia do casamento. Quando o azeite estiver no final, o casal pode repor para que a mistura se renove.
Cerimônia da Árvore
Que tal plantar uma árvore durante a cerimônia de casamento? É possível! Deste ritual participam o casal e seus pais.
Apesar do nome remeter a uma árvore, os casais costumam optar por plantas menores para que o tamanho seja mais compatível com o espaço da cerimônia. A mais escolhida é a árvore da felicidade por ter mudas fêmea e macho no mesmo vaso, simbolizando a união da mulher e do homem.
Inicialmente, o celebrante convida o casal a plantar as mudas em um vaso previamente preparado para o cultivo. Na sequência, os pais do noivo oferecem um pouco mais de terra para a finalização do plantio. No ritual, essa terra simboliza a estrutura do casamento, a base, o alicerce forte.
Finalizado o plantio, os pais da noiva oferecem água para a primeira rega, que na analogia com o casamento representa o cuidado e o carinho que são necessários todos os dias. Ao final, os noivos lavam as mãos um do outro como forma de demonstrar a atenção e a dedicação que se fazem necessárias durante toda a relação.
Esse ritual é muito procurado por casais que se casam ao ar livre e em contato com a natureza. “Costumo dizer que é o primeiro plantio a dois que o casal pode fazer durante a vida. Aconselho a repetirem, de tempos em tempos, esse ritual em casa, somente entre eles, e renovarem os compromissos”, enfatiza o celebrante.
Cápsula do Tempo
Nesta cerimônia temática, os padrinhos deixam mensagens lacradas para o casal em um baú que será aberto em uma data distante, por isso, ele se torna uma cápsula do tempo. “Deixo a critério do casal a escolha da data para a abertura da cápsula. Podem ser 10, 15 anos ou até nas bodas de prata. O casal só não pode ser ansioso”, diverte-se Baxega.
As mensagens para o casal são escritas pelos padrinhos antes da cerimônia, em pedaços de papel padronizados entregues a eles geralmente junto com o convite de casamento. Os pais do casal também podem participar para deixar o ritual ainda mais simbólico.
O prazo para a abertura da cápsula do tempo só pode ser antecipado caso o casamento corra riscos em algum momento. Se isso acontecer, o casal pode abrir o baú e relembrar como era visto pelas pessoas mais próximas na época em que decidiu se casar.
Cerimônia do Vinho
O vinho é uma bebida rica em significados nas mais diferentes culturas. Também é amplamente citado na mitologia e em diversas passagens bíblicas. Neste ritual, há três taças: duas com vinho para os noivos e uma vazia com o celebrante.
Cada gotícula de bebida nas taças do casal representa uma experiência individual vivida até o dia do casamento. O celebrante então convida o casal a beber pela última vez das vivências individuais e une o que restar na terceira taça, a que estava vazia até então. Na analogia, as vidas do casal também se unem a partir daquele momento. O celebrante convida então o casal a beber da mesma taça destacando que a partir daquele momento tudo passa a ser feito a dois, a vida passa a ser compartilhada.
Desse ritual participa apenas o casal e a bebida pode ser trocada. “Já fiz várias vezes com água e até com cerveja, por ser a bebida mais apreciada pelo casal. É completamente adaptável”, explica o celebrante.