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Sites, aplicativos e afins. A tecnologia ajuda ou atrapalha os noivos?

Um casamento perfeito há algumas décadas se restringia a agendar uma data na igreja ou no cartório e conseguir um local amplo para a festa. Depois, uma tia costureira ajudava com o vestido de noiva, a prima boleira (não confeiteira, boleira mesmo) preparava aquele bolo comprido no tabuleiro, as sogras se dedicavam às batatinhas temperadas, as irmãs com as lembrancinhas e o enxoval e a noiva até fazia a mão os convites e demais itens de papelaria. Ou seja, era um clássico contar com a ajuda de familiares e pessoas próximas.

Hoje, os casamentos são “industriais”. Há fornecedores para tudo e muito bem estruturados. Todos atuam como empresas aptas a trabalharem com vários casamentos ao mesmo tempo. Esse alto potencial de atendimento leva os fornecedores a buscarem visibilidade e, assim, atrair mais clientes. Uma das estratégias é apostar em espaços de divulgação pagos oferecidos por sites e aplicativos especializados em casamentos. Os noivos fazem busca por determinado fornecedor e esses canais digitais sugerem os que estão mais próximos do casal.

Contudo, o que seria uma “mão na roda” pode fazer com que casais se iludam. Por vezes, aquele profissional sugerido pode não ser o melhor para seu estilo ou bolso. Inicialmente, o que se deve saber é que esses espaços são pagos. Boa parte desses canais não indicam os profissionais pela competência, mas sim porque eles pagam “religiosamente” as mensalidades para que essas indicações sejam feitas. Dia desses me surpreendi ao acessar um dos sites mais conceituados do setor de casamentos e encontrar como sugestão de celebrante em Limeira apenas um profissional e que não é da região. Sim, ele pode ser uma boa opção para o casal e atender Limeira, mas me soou estranho. Onde estão os demais colegas da cidade e de municípios próximos que tanto admiro? Seriam excelentes sugestões, mas não constam ali porque não pagam por isso. A credibilidade deste site tão famoso foi por água abaixo para mim.

Além disso, esses sites e aplicativos oferecem serviços como um cronograma a ser cumprido até a data do casamento. Já tive noivas fieis a essas ferramentas que sabotaram as orientações das próprias cerimonialistas e até as minhas. No caso de casamento com efeito civil, por exemplo, as exigências mudam de cidade para cidade. E, em cidades com mais de um cartório, os procedimentos também variam de um para o outro. Já tive noivas bastantes confusas entre o que eu orientava e o que o aplicativo dizia. Por estar no âmbito da internet aquela informação fica parecendo mais relevante.

Eu não sou contra a tecnologia, pelo contrário. Sou muito a favor e uso, contudo considero que há muitos equívocos por parte dos administradores desses canais. Será que estão mesmo prestando um serviço aos casais? Faltaria cautela nessas indicações em prol dos próprios interesses comerciais? Por quatro anos tive um podcast, ainda disponíveis nas principais plataformas de áudio e vídeo. Esses programas contavam com entrevistas com fornecedores de toda a região. Ninguém nunca pagou para estar comigo nessas entrevistas. Além disso, não era uma simples indicação escancarada, mas sim um mergulho na história e na expertise de cada um para que os casais pudessem ter como referência.

Acredito que toda escolha deve ser feita diante de opções variadas. É a pluralidade que leva ao atendimento de gostos e orçamentos diferentes. Então, fique atento! Se um desses canais te sugerir um único fornecedor, desconfie! Há alguém ali levando vantagem e certamente não é você

João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos

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