Lidando com casamentos há tantos anos há algo que me chama muita atenção: a dificuldade da maioria dos casais em organizar o tempo. Percebo claramente a tranquilidade dos primeiros contatos se transformar em desespero com o passar dos meses.
A falha está em ignorar um dos pressupostos quando falamos nessa etapa da vida: organizar um casamento exige tempo. É preciso separar parte da agenda para as reuniões com os diferentes fornecedores, degustações, visitas técnicas, provas de vestidos, etapas de cartório, entregas de convites e muito mais. Mesmo com assessoria completa de cerimonialistas ou com uso de aplicativos que sugerem datas para resolver pendências, muitos se perdem com tantas etapas a cumprir.
É claro que entendo que a vida segue normalmente enquanto os preparativos transcorrem. Ambos precisam trabalhar e sei que, por vezes, os empregos não oferecem tamanha flexibilidade de horários. Contudo, é preciso se organizar para que os preparativos não se transformem em sofrimento. Mesmo que isso implique em utilizar horários noturnos ou finais de semana.
Enquanto celebrante, gosto sempre de adiantar ao máximo o meu trabalho. Gosto de enviar anexos para que os casais respondam. Sempre encaminho quatro meses antes, mas frequentemente sou surpreendido ao receber os retornos na semana do casamento (e após muitas cobranças). Faço o possível para que isso não comprometa a beleza da cerimônia.
Além disso, oriento os casais quanto às etapas de cartório. Na maior parte das cidades o trâmite começa 90 dias antes da cerimônia e termina um mês antes. Dia desses, um dos meus casais foi ao cartório no último dia do prazo. Adiaram o quanto puderam. Foi teste de cardíaco para o celebrante.
Mas o que me deixa mesmo pensativo é quando os casais retornam com algum tipo de revolta ao serem informados sobre etapas a cumprir. Certa vez, ao orientar uma noiva de que teria que ir presencialmente ao cartório ela me retornou indignada dizendo que precisaria desmarcar pacientes para isso. Minha primeira a reação é sempre pensar com meus botões “É sério que ela respondeu isso?”. Por vezes, com respostas como essa, chego a pensar que deve passar pela cabeça do casal que sou eu quem inventa essas regras, mas respiro fundo e explico que são etapas previstas em lei.
Gosto sempre de dar uma dica aos casais: não protele nada. O que for possível tirar do caminho, tire. Resolva! Não caia na tentação de achar que em algum momento você terá mais tempo para resolver. Sinto-lhe dizer, mas esse momento não irá chegar! O mês que antecede ao casamento é muito corrido, de uma forma que o casal nem imagina que será. A semana anterior é insana. Os últimos detalhes surgem todos de uma só vez e não há mais a possibilidade de adiar nada. Se o casal for viajar em lua de mel na sequência então… piora.
É claro que há os mais organizados. Há os que tiram férias já antes do dia do casamento para aproveitar essa fase com maior tranquilidade, os que dividem as funções para que nenhum dos dois fique sobrecarregado e os que não protelam nada. Minha dica, inspire-se nesse grupo para que esse momento tão especial não se transforme em tortura.
João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos