Pular para o conteúdo

Você vai celebrar o casamento de amigos? Prepare-se!

Este artigo é um pedido de desculpas e logo você entenderá o motivo. Já fui procurado várias vezes por pessoas me pedindo auxílio para celebrar o casamento de amigos. Não são celebrantes profissionais, mas sim pessoas que foram surpreendidas com o convite do casal para que, mesmo sem experiência, conduzam a cerimônia. Fico lisonjeado quando sou procurado. Sinal de que sentem confiança em mim e no meu trabalho.

Sempre que essas pessoas chegam pedindo dicas, eu acolho com muito carinho. Primeiro, acalmando e, na sequência, dando as orientações técnicas que julgo necessárias para uma boa condução de um casamento. É um conhecimento que precisa ser compartilhado.

Agora vem o meu pedido de desculpas a todos eles. Talvez eu não tenha acolhido com total empatia. Nunca ponderei que deveria pensar mais no emocional deles e só fui perceber isso recentemente quando celebrei o casamento de amigos muito próximos e amados. É completamente diferente dos meus outros casais. É como se eu nunca tivesse feito isso.

Uma tarefa hercúlea mesmo para um celebrante experiente como eu. Exige-se um imenso controle emocional. E não estou falando apenas da cerimônia, mas de todo o processo. Nos meses anteriores, a responsabilidade se transforma em pressão. A expectativa dos amigos que estarão na cerimônia como convidados cai nos ouvidos quase que como uma cobrança pelo sucesso da cerimônia que está por vir. Sobra respirar fundo, disfarçar o pânico e torcer em silêncio para que a inspiração surja em algum momento.

Foi assim comigo no casamento de Graziela Félix com Rafael Becker. Passei um ano pensando “por onde eu começo?”. Quando se conhece tão bem os noivos, o processo criativo muda muito. As possibilidades são maiores devido ao amplo repertório de informações e também ao envolvimento emocional. No meu caso, resolvi esperar. A cerimônia surgiu três dias antes do casamento. Uma mistura de pressão e inspiração.

Quanto termina, para saber se funcionou, sempre fico de olho nos convidados. Eu e os noivos estamos completamente envolvidos e nossa avaliação, claro, comprometida. Nessa avaliação do pós a opinião de pessoas neutras é mais embasada. No meu caso, fiquei muito feliz com o retorno. Ufa! Que alívio!

Essa experiência me fez refletir sobre minha posição ao orientar você que já me procurou pedindo dicas e sobre os que ainda virão. Juro que serei mais empático daqui para frente. Buscarei romantizar menos. Sei da honra, mas também conheço o peso. Porém, vencidas todas as etapas, fica também uma reflexão: se tivesse sido uma caminhada leve, sem preocupações e despretensiosa, talvez não tivesse entregue um trabalho de qualidade e, possivelmente, não me sentira tão feliz por ter criado um momento afetivo tão forte e eterno.

A dica? Acolha o pedido dos amigos se for convidado e permita-se viver esse momento único.

João Paulo Baxega, é jornalista e celebrante de casamentos

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *